quinta-feira, 30 de julho de 2009

Roy Orbison - Dream Baby



Sweet dream baby
Sweet dream baby
Sweet dream baby
How long must I dream?

Dream baby
Got me dreamin' sweet dreams
The whole day through
Dream baby
Got me dreamin' sweet dreams
Nighttime too
I love you
And I really need you
You know I do
Dream baby, make me stop my dreamin'
You can make my dreams come true

Oh, sweet dream baby
Sweet dream baby
Sweet dream baby
How long must I dream?

Dream baby
Got me dreamin' sweet dreams
The whole day through
Dream baby
Got me dreamin' sweet dreams
Nighttime too
I love you
And I really need you
You know I do
Dream baby, make me stop my dreamin'
You can make my dreams come true

Oh, sweet dream baby
Sweet dream baby
Sweet dream baby
How long must I dream?

Oh, sweet dream baby
Sweet dream baby
Sweet dream baby

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Cat Power - Sea of Love



Come with me
My love
To the sea
The sea of love

I wanna tell you
How much
I love you

Do you remember
When we met
Thats the day
I knew you were mine

I wanna tell you
How much
I love you

Come with me
My love
To the sea
The sea of love

I wanna tell you
How much
I love you

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Imitação de Ovídio

não, carinho, já sabes
não insistas,
a mim
a ocasião tanto faz.

não te vou tirar
nada.

com
ou sem regras,
não queres que
as tome em conta,
pois não?

a liberdade
foi sempre
não ter de combinar
nada

nada

a não ser que o espaço fica,
em chamas,
porque
dentro do fogo,
no mais fundo
do poço,
só há
a combinação
com o fogo

fogo,
aquele inferno
de amar...


Alberto Pimenta

terça-feira, 21 de julho de 2009

M. Ward - Chinese Translation



I sailed a wild, wild sea
climbed up a tall, tall mountain
I met a old, old man
beneath a weeping willow tree
He said now if you got some questions
go and lay them at my feet
but my time here is brief
so you'll have to pick just three

And I said
What do you do with the pieces of a broken heart
and how can a man like me remain in the light
and if life is really as short as they say
then why is the night so long
and then the sun went down
and he sang for me this song

See I once was a young fool like you
afraid to do the things
that I knew I had to do
So I played an escapade just like you
I played an escapade just like you
I sailed a wild, wild sea
climbed up a tall, tall mountain
I met an old, old man
he sat beneath a sapling tree
He said now if you got some questions
go and lay them at my feet
but my time here is brief
so you'll have to pick just three

And I said
What do you do with the pieces of a broken heart
and how can a man like me remain in the light
and if life is really as short as they say
then why is the night so long
and then the sun went down
and he played for me this song

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Quatro ou cinco anos



Quando era pequena gostava muito de contar anedotas. O pai tinha um vasto conhecimento nesse campo então contava-mas. E todos os dias na creche eu aparecia com piadas novas.
No recreio da creche o baloiço era feito de pneus. O chão tinha uma grande camada de areia, e nós, as meninas costumávamos tirar os chapéus de palha e enche-los de areia. Com os meus bracitos segurava e embalava o chapéu porque aquele era o meu bebé.
Lembro-me das cadeiras pequeninas em que nos sentávamos para almoçar, em mesas feitas à proporção das cadeiras. Sei que eram pequenas para os crescidos pois os joelhos deles ultrapassavam a altura da mesa.
Havia uma educadora, a minha preferida e única de que me lembro, que descascava a laranja de uma só vez e com aquele novelo alaranjado fazia um elefante em três dimensões. Eu ficava maravilhada. Depois de almoço íamos todos à casa de banho lavar os dentes. Trocávamos pastas com sabores a morango e banana, depois apareceu a colgate júnior que saía da bisnaga com forma de estrela. Mas as de sabores eram as minhas preferidas. De dentes lavados dormíamos a sesta em camas de campanha.
Na parte de tarde tínhamos outro recreio. Neste havia relva e um grande chorão. Havia baloiços a sério e também um escorrega alto. Na relva costumava apanhar bichos-da-conta, corta-unhas, caracóis e coisas-que-tais. Guardava-os com cuidado no bolso do bibe.
Só me lembro de dois colegas. A rapariga era filha de uma amiga do meu pai. Ela era muito sossegada e era isso que eu gostava nela. Mas como me via sempre muito faladora e irrequieta não gostava de mim. O outro... era maluco, ou pelo menos era o que eu achava. O Bruno Maluco uma vez partiu a cabeça lá no recreio. Tinha a mania que descer o escorrega de cabeça para baixo tinha mais piada.
Haviam três pessoas possíveis para me ir buscar. A mais usual era mãe do Paulo (amigo dos meus pais e mais tarde sócio do meu tio). Eles moravam lá ao pé da creche. Eu gostava de ir para lá antes de ir para casa. Lá havia o João bebé(filho do Paulo), o João grande (sobrinho) que era um ano mais velho que eu e brincava comigo aos pinipons e o Zezé (irmão do João grande e sobrinho do Paulo), eu gostava mesmo do Zezé. Três anos mais velho, moreno, moreno mesmo, queimado pelo sol. Mas ele só brincava com o meu irmão.
Quem também me ia buscar era a minha Nana. Hipótese que me agradava. Ela sempre teve sentido de humor. Fazia-me rir, divertia-me. A minha Nana ia-me buscar e íamos a pé para casa, ela morava por baixo de mim. Deixava-me fazer o que eu queria e não precisava ralhar. Era mais tolerante e eu por respeito a isso portava-me bem.
O que eu não gostava nada era quando a avó Conceição me ia buscar. Sempre muito rezingona, uma seca. Ia no Fiat 127 Super e acelerava muito mas não sei como não andava depressa, o carro é que fazia uma barulheira. Não sabia estacionar, só de frente e com um espaço de dez metros. O que ainda não compreendo é o pai ter ficado chateado por ela deixar de conduzir depois da reforma. Era um desastre e eu com cinco anos já percebia isso. Na casa da avó não se brincava a nada de jeito. Das únicas coisas boas era o refresco de groselha que ela preparava e as bolachas dos sortidos.
Viesse da avó, da Nana ou da mãe do Paulo, quando chegava a casa ia directa à varanda. Colocava os bichinhos do bibe cuidadosamente, um a um nos lindos pés de feijão que o meu irmão gostava de plantar. Ele ficava furioso quando reparava no dia seguinte. Eu tentava explicar que os bichinhos não faziam por mal. Eles precisavam comer e só por isso ratavam as plantas dele. E alguns eram tão queridos, cinzentinhos, e quando lhes tocavam transformavam-se numa bolinha. Mas ele não queria saber de bolinhas e bichos cinzentos.
Na hora do banho quem também não compreendia era a mãe: “Porque raio é que me apareces em casa, todos os dias, com a cabeça cheia de areia?”, eu para não apanhar um ralhete omitia a existência do meu bebé de areia. Depois do banho tomado o pai secava-me o cabelo. Primeiro com a cabeça para baixo, assim de pernas para o ar, e depois “rápido para trás” e penteava-me.
Ao jantar o meu irmão contava as coisas da escola. Eu sentava-me na cadeira de bebé, apesar dos meus cinco anos, porque queria estar à altura deles. O pai propunha um concurso. Ver quem é que comia a sopa toda mais rápido, eu ou o meu irmão. Eu caía que nem uma patinha. Comia tudo num instante e sem chatear.
Lembro-me do Vitinho antes de ir para a cama. Depois o pai deitava-se a meu lado e contava-me a história da Vaquinha boazinha e do Leão mauzão. Eu adormecia.

terça-feira, 14 de julho de 2009

segunda-feira, 6 de julho de 2009

The White Stripes - Fell In Love With A Girl



Fell in love with a girl
fell in love once and almost completely
she's in love with the world
but sometimes these feelings
can be so misleading
she turns and says "are you alright?"
I said "I must be fine cause my heart's still beating"
She says "come and kiss me by the riverside, bobby says it's fine he don't consider it cheating"

Red hair with a curl
mellow roll for the flavor
and the eyes for peeping
can't keep away from the girl
these two sides of my brain
need to have a meeting
can't think of anything to do
my left brain knows that
all love is fleeting
she's just looking for something new
and I said it once before
but it bears repeating

sábado, 4 de julho de 2009

Sufjan Stevens - A Good Man Is Hard to Find



Once in the backyard,
she was once like me,
she was once like me.
Twice when I killed them,
they were once at peace,
they were once like me.

Hold to your gun, man,
and put off all your peace,
put off all the beast.
Paid a full of these, I wait for it,
but someone's once like me.
She was once like me.

I once was better.
I put off all my grief.
I put off all my grief.
And so I go to hell, I wait for it,
but someone's left me creased.
And Someone's left me creased.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Férias

Bragança, 24 de Agosto de 1987

- Ó Pedro, chega-te mais à tua irmã.
- Rita, deixa de fazer palermices e está quietinha para a fotografia.
- Ó Luís, tira lá isso! Já estou a ficar farta.
- Vá, todos a postos?
- Sim – gritava eu que era e sou a mais pequena.
- Um, dois e... três! Clic. Já está.
- Acho que fiquei de olhos fechados.
- Tu não interessas Rita, eu é que fiquei com cara de parvo.
- Também não é difícil!
- Parem lá com isso antes que acabem chateados.

Nas férias o pai levava sempre a máquina. Qualquer jardim ou estátua e a família alinhava-se diante da película mágica.
Quando o meu irmão era pequeno e lia “Uma Aventura” as férias eram passadas de um livro para o outro. O meu pai fez questão de o levar a quase todos os sítios onde se passavam as histórias. Eu também fui a alguns, mas era muito pequenina e não me lembro. Depois de tantas viagens, quando eu li os livros, já ninguém tinha paciência para me mostrar Portugal de “Uma Aventura”.
Paragem obrigatória nas nossas férias era o Tramagal, a terra da minha avó paterna, e Fátima! A minha avó pedia à minha mãe para ir. A mãe obrigava o meu pai. Se o pai ia, toda a família tinha de ir. E pronto, lá íamos todos recambiados para Fátima. Houve um ano que até o Napoleão teve de ir.
A mãe e a avó davam lá as voltas delas. Eu e o meu irmão acendíamos as velas e depois íamos a correr ter com o pai, que desde cedo percebeu que em todos os rituais religiosos havia velas e inventou uma alergia ao cheiro delas a queimar.
Durante a tarde lá andávamos os três a passear. O meu pai como bom ateu fazia piadas sobre santas que brilham no escuro, terços gigantes de pendurar em paredes e as garrafinhas com água de Fátima.
Na hora combinada íamos ter com as mulheres para rumar a Coimbra ou ao Tramagal, daí numa das vezes o Napoleão ter ido connosco. Nesse ano fomos para Porto-Côvo e a avó também foi, por isso o cãozinho não tinha onde ficar. Ficou na terra com a tia Adélia que se sentia muito sozinha por o tio António ter morrido.
Em Porto-Côvo não fazíamos nada de especial. Jogávamos às cartas à noite, íamos à praia de dia, fazíamos pic-nics ao final da tarde e tirávamos fotografias a toda a hora. Mas eram umas férias fantásticas.
Eu era morena (inacreditável, não?) com cabelo liso pelo queixo, magrita e com dentes tortos. O Pedro também era moreno, com calções foleiros, uma prancha rasca de bodyboard e uns óculos muito piores que os calções. A mãe tinha o mesmo fato de banho de todos os anos, com as flores verdes, azuis e azuis-esverdeadas, e tinha a estranha mania de falar com sotaque alentejano. O pai tinha a marca do relógio no braço, uns calções de banho beges muito giros e pêlos nas costas.
Era bom estar noutros sítios, fazer outras coisas e não ter horas para nada. Depois passavam os dias e Agosto chegava ao fim. Eu ficava contente por ver Coimbra surgir depois de uma curva.
Houve umas férias em que a mãe não foi. A avó ficou doente com dor ciática e a mãe ficou a cuidar dela. Fui eu, o Pedro, o pai, o tio, a tia e o Rui. Fomos para Ferreira do Zêzere que é a terra da tia Clara (mulher do meu tio).
Nessas férias fizemos tudo como o pai e o tio queriam. A mãe não estava lá para balançar as coisas e a tia sozinha não tinha força suficiente. Claro que acabámos por passar pelo Tramagal.
Quando eu já era maior fomos para o norte. Vila Real, Chaves e Fafe porque um amigo do pai tinha lá casa.
A mãe andava irritada com a namorada do amigo porque não gostavam uma da outra. O pai andava nas nuvens porque tinha o amigo. O amigo tinha uma filha por isso eu também andava entretida. O meu irmão andava ocupado em arranjar maneira de roubar tabaco ao meu pai para ir fumar às escondidas para o galinheiro. E as galinhas andavam lixadas com um gajo ao lado delas que deitava fumo. Já o Napoleão estava na maior porque a avó, em Coimbra, lhe comprava carne no talho de propósito para ele.
Voltámos mais cedo. A mãe tanto chateou o pai que acabou por conseguir. Malas no carro e rota no mapa para o mesmo sítio de sempre... Tramagal.