terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

família

" tenho pouco ou nada a dizer à minha família para além das habituais efusões de ternura, porque a família é, como dizer?, uma espécie de coisa ao pé da qual gosto de estar em silêncio. Não sei se já reparaste que quase nunca ouvem o que dizemos, nem lhes interessa: em virtude do demasiado amor que nos têm escutam apenas o som da nossa voz e comovem-se com a música, como diante de um blá blá infantil. ainda não abrimos a boca e já estão a sorrir enternecidos uns para os outros, porque eles, para eles, são adultos e contribuintes, e nós, para eles continuaremos irremediávelmente a ser crianças - e talvez ainda bem. "

"d'este viver neste papel aqui descripto", António Lobo Antunes

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