quarta-feira, 29 de março de 2006

d'este viver aqui neste papel descripto

“Estou cheio de vontade de te fazer festas e de te acariciar todo o corpo. Começar pelos pés, devagarinho, subir pela face de dentro das pernas, sempre muito devagar, demorar-me nos joelhos, alcançar as coxas, paragem no púbis, subir para o umbigo, beijar-te longamente os seios, um de cada vez, ganhar os ombros, perder-me no pescoço e nas orelhas, acariciar-te a cara e morrer-te finalmente na boca enquanto os nossos corpos se penetram. Dentro de ti. Misturar os meus gemidos com os teus gemidos enquanto a onda vem, se aproxima e explode. E depois ficar abraçado ao pé de ti, com a cara na tua, morto de felicidade e de alegria. Oh meu amor meu amor meu amor. Queria ter 8 braços para melhor te prender, dezenas de bocas para melhor te beijar. Eu adoro-te minha doce e querida e amada mulher. Sempre. Entretanto espero com o corpo em brasa esse momento que nunca mais chega que nunca mais chega. Meu querido e único e eterno amor para sempre até ao fim do mundo. Minha preciosa jóia meu lindo sol abraça-me com força, com toda a força. Milhões de beijos. Amarmo-nos até nos esquecermos de quem somos. És tão bonita a mais bonita e querida de todas as mulheres, a única.

Gosto tudo tudo tudo tudo tudo de ti até ao fim do mundo.

Oh meu amor como eu te amo.”


"d'este viver aqui neste papel descripto", António Lobo Antunes

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