Na viagem a Rovaniemi tínhamos como plano sair de Oulu as 7h da matina, mas como os franceses são uns atrasados acabamos por sair quase as 8h. Chegámos à aldeia do Pai Natal no Círculo Polar Árctico as 10h55. E fomos direitos a casa dele para o vermos… Só que aqui a Rita, assim como mais uns quantos patos, ficou a tirar fotos à linha que mostra o círculo polar árctico, e a mais umas placas e tal. Resultado quando cheguei lá a bestinha estava a almoçar. Pizza, por sinal, que eu bem vi uma mulherzinha entrar com uma caixa na mão. Resultado, não tenho nenhuma fotografia com o Pai Natal nem lhe pedi as prendinhas deste ano (ainda) mas tenho umas belas fotos (como podem ver no post anterior) da minha perna a atravessar a merda do risco no chão!!! Fiquei fula! Que raio, quase toda a gente o viu e uns quantos ainda têm fotos com ele e eu…népia! Haviam de ver as minhas trombas nas fotografias seguintes…
Bem, deixando o Pai Natal, fomos almoçar rena no museu não sei quê árctico. Tinha um puré com um molho gorduroso escondido no meio, rena por cima do puré, pepino em pickles e groselhas para desenjoar toda a gordura do molho. Foi a minha primeira refeição maravilha na Finlândia, sem contar com as que eu cozinho é claro. Rena é boa, é mais ou menos parecido com avestruz, e um bocadinho com cabra, se bem que não tem nada a ver... Depois fomos para a loja do museu experimentar coisas estúpidas e caríssimas como aquele tapa orelhas a imitar corninhos de rena, que eu bem queria mas que custava a modesta quantia de 60€, e os “chapéus”, ou que raio era aquilo, de ursos polares. A seguir a isto apanhamos uma valente seca no museu com uma guia que mal falava inglês.
Depois do museu e de comermos rena fomos visitar uma quinta de renas e alimenta-las. E ao contrário da mulher do museu este homem foi mesmo simpático e divertido connosco. Vestia um traje típico da Lapónia. Mandou-nos entrar para uma tenda como as dos esquimós. Sentamo-nos todos à volta da fogueira e depois ele começou a perguntar-nos de onde éramos. E como é óbvio vínhamos todos do sul, comparando com ele. O traje da Lapónia tem um chapéu com quatro bicos e ele contou-nos a história do chapéu. Um dia, quando os quatro ventos do mundo sopravam todos ao mesmo tempo criando o caos na terra, surgiu um mago e prendeu os quatro ventos no seu chapéu, um em cada ponto. E depois os ventos gritavam: “Oh, por favor, deixa-nos sair daqui, deixa-nos soprar e ser livres, fazemos tudo o que quiseres!” e o mago respondeu-lhes: “Se querem ser livres, depois de eu vos soltar só podem soprar um de cada vez. E caso voltem a soprar todos ao mesmo tempo, eu volto a prender-vos e nunca mais vos solto!”, e os ventos aceitaram o pacto, e desde aí que cada um sopra na sua devida altura. Depois desta história ele explicou-nos que como vínhamos todos do sul, tínhamos todos a alma impura, mas que ele nos ia limpar a alma. Só que para nos limpar a alma tinha de ser com uma faca, mas que não nos preocupássemos que ele desinfectava a faca de cada vez que a utilizava. Então ele pôs a grande faca na fogueira e a seguir limpou às calças. Começou a entoar uns cânticos e mandou-nos baixar a cabeça quando se aproximava de nós. A faca não era afiada, e o que ele fazia enquanto cantava era passar-nos a faca pela nuca, uma vez, e com a outra mão deixava cair umas gotas de um líquido, que não faço ideia do que seria, mas penso que era só para nos assustar para pensarmos que era sangue e que nos tinha cortado. Fez isso a todos e disse que a nossa alma estava quase pura. Mas para ficar completo e conhecermos as renas, tínhamos de nos assemelhar a elas, então pôs um grande pau na fogueira e de seguida passava os dedos pelo carvão do pau e marcava-nos os corninhos na testa. O que não nos tinha dito era que só deveríamos tirar aquilo 6 horas depois. Resultado, andei em lojas e supermercados, bem como na rua em Rovaniemi, com manchas de carvão na testa, mas sinceramente não me importei porque há coisas que só se fazem uma vez na vida, e limpar a alma com certeza é uma delas J!
Conhecemos as renas, alimentamo-las e uma até me espirrou na mão, o que devo dizer que não é muito agradável. Mas elas são muito meigas, e calminhas, se bem que aqueles corninhos grandes impõem respeito.
Deixámos as renas que tínhamos um jogo de Pesäpallon (basebol finlandês) marcado com a turma que estava a aprender finlandês em Rovaniemi.
Claro que nós já tínhamos jogado umas quantas vezes, sabíamos as regras e dominávamos a cena por completo. Eles não tanto. Ganhámos 14-1. E o ponto foi só porque as professoras vieram falar connosco a dizer que eles não eram assim tão adultos para perder a zero… mas ganhámos e por muitos. Eu bati a bola e corri! Foi aqui que conheci o Miguel, outro português perdido na Finlândia. E por estranho que pareça quando encontramos aqui um português, parece que nos conhecemos desde sempre.
Nessa noite dormimos nuns bungalows muito fixes, a beira de um lago, todos em filinha, com a churrasqueira atrás e a sauna junto ao lago.
Fiz sauna e claro corri para o lago gelado. E quando digo gelado não estou a falar da água quentinha da Figueira da Foz… estou mesmo a dizer gelado.
O Miguel e mais uns amigos dele de Rovaniemi foram connosco para lá, e depois da sauna começamos a fazer o habitual churrasco. Eu que tinha levado dois chouricinhos fiz a alegria do Miguel. Um foi quase repartido pelas mais de 30 pessoas que lá estavam, e o outro foi para nós os dois matarmos saudades.
A meio da noite, à volta da fogueira a falar vi pela primeira vez a aurora boreal. Tentei tirar fotografias mas nada de jeito. Então lá tive de telefonar ao expert em fotografia que me deu umas boas dicas. O resultado foi a fotografia uns quantos posts abaixo.
Dormimos! De manhã fomos ao jardim zoológico da zona e vi animais característicos daqui. Ursos castanhos, ursos polares, alces, renas, lobos, e animais mais pequeninos e mochos e corujas, muitos mochos e corujas diferentes, umas quantas águias também.
Almoçamos no restaurante ao pé do zoo e como era self-service e o pessoal é um esganado de fome, comemos até rebentar. Comemos de tudo e houve até quem comesse as natas de por no café com chocolate em pé e bolachinhas para sobremesa… não é que eu as alemãs e a polaca não tenhamos feito a mesma coisa, mas ao menos foi só uma tacinha para as quatro.
A seguir ao almoço voltamos para Oulu. Cansados do pouco que dormirmos e de tudo o que fizemos, além do intensivo jogo de Pesäpallon, claro que no autocarro vinha quase toda a gente a dormir, e é obvio que digo quase porque há sempre aquele engraçadinho que tirar fotografias quando os outros dormem que nem uns anjinhos.
E foi assim a minha viagem à terra do Pai Natal.
Ps» ok, a viagem foi à mais de um mês e eu peço desculpa por só agora contar as coisas…
Mas prometo que serei mais breve quanto à viagem a Kuusamo e a Helsinki.
2 comentários:
deviam avisar o Pai Natal para não andar a comer tantas pizzas e porcarias porque com o colesterol assim ele não vai chegar ao natal...ou ele tá com medo que se não for uma bola ninguém o reconheça?
isto já levava uma actualizaçãozita...
beijos
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